“Ele nasceu com o fígado do lado de fora. Quando ele saiu, descobriram isso durante e não houve nada a fazer para que ele entrasse. Não havia mais lugar suficiente, talvez, os outros tinham tomado o seu…
…É o lugar do seu corpo que é mais tocado, por isso ele desenvolveu uma hipersensibilidade, que começa no tecido hipoalergênico da sua bolsa: assim que se toca levemente nela, ele chora.”
Durante uma super-promoção da Cosac Naify, adquiri “Começo”, da francesa Nathalie Quintane.
Nunca tinha ouvido falar sobre ela, mas me interessou a análise sobre seu primeiro livro publicado no Brasil e ao lê-lo, me inspirou também.
A obra costuma ser classificada como poesia autobiográfica, mas sem dúvida é falada. É bem coloquial. Quintane conta trechos de sua vida, relembra histórias cotidianas – de família, colégio, brincadeiras de infância – através de metáforas geniais, que acompanhando parece mais um déjà vu ou a lembrança de um sonho.
Confesso que no início achei seu texto muito esquisito e demasiado inovador para entitular-se poesia, é difícil lê-la sem precedentes, mas depois de algumas páginas viradas, senti que sua literatura massageava a minha. Era como se tentar compreendê-la ou entrar na sua história, me abrisse um leque para as minhas próprias e a partir daí essa moça passou a ganhar muito do meu respeito, a ponto de eu lê-la em voz alta também. Faz mais sentido. Ela mesma, costuma fazer performances e afins.
Recomendo. Livro de mão, desses que se lê em qualquer canto e dá até pra viajar no interim. hehehe Ótima consulta pros que querem ter idéias.
…E está oficializado o começo das minhas críticas literárias via blog! Rs